Recifense se torna primeira policial militar trans de Pernambuco: 'Já escutei que não era para mim'
'Diversas pessoas tentavam me desestimular', diz primeira policial militar trans de Pernambuco Aos 27 anos, Stella Thayná da Silva entrou para a história ao s...

'Diversas pessoas tentavam me desestimular', diz primeira policial militar trans de Pernambuco Aos 27 anos, Stella Thayná da Silva entrou para a história ao se tornar a primeira policial militar trans de Pernambuco já com a identidade de gênero reconhecida, segundo a corporação. À TV Globo, ela falou sobre os percalços que enfrentou para conquistar o sonho de toda a vida e disse que o apoio da família foi fundamental para superar as dificuldades e enfrentar o preconceito de quem duvidava que ela pudesse ir atrás de seu sonho (veja vídeo acima). "Já escutei que não era para mim, que não era o meu meio, que não tinha nada a ver comigo, porque é um meio cis, padrão, não é um meio trans, assim se dizia. A todo momento, teve diversas pessoas que tentavam me desestimular, mas, para mim, o que sempre me importou foi a minha base familiar", declarou. ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE Graduada em 18 de agosto com outros 2.999 novos militares, Stella ingressou na carreira militar com o apoio da família, tendo como principais incentivadores a mãe, Iêda, e o pai, Gabriel. Ele morreu no fim do ano passado, antes de ver a filha se formar, por sequelas de um tiro que levou durante um assalto em 2017 (saiba mais abaixo). A vontade de ingressar na corporação veio por influência de dois tios, que são militares. Após concluir a formação, ela foi lotada no 12º Batalhão, na Várzea, bairro da Zona Oeste do Recife onde cresceu rodeada por uma família de torcedores do Santa Cruz. "Como eu tinha o apoio deles, eu deixava sempre isso de lado, porque eu sabia que era uma crítica de quem ia criticar e não ia fazer por mim. Eu tinha que fazer por mim e por quem eu amo", afirmou. Segundo a nova PM, a aprovação no concurso foi resultado de um processo difícil, que demandou muita abnegação e disciplina. "Abri mão do tempo com a família, abri mão do tempo com os meus amigos, com as pessoas que eu amo, para poder estudar de domingo a domingo. [...] Depois, vem a recompensa. Passei aqui na PMPE, passei na PM da Paraíba, passei nos Bombeiros daqui. Mas é algo que é realmente uma superação e uma disciplina que você tem que ter de estar se estimulando", afirmou. Olhando para trás, ela disse também que não imaginava o quanto essa conquista poderia inspirar tantas outras pessoas. "É um motivo de orgulho não só para mim, mas para a minha família e, para minha surpresa, até para quem não me conhece. Estou recebendo muitas mensagens positivas de pessoas que dizem que estão se inspirando em mim, que sentem orgulho e que se sentem mais fortes para seguir seu sonho e seguir na sua trajetória", declarou. Stella Thainá da Silva é a primeira policial militar trans de Pernambuco Reprodução/TV Globo Apoio dos pais Acompanhada da mãe, Stella participou, com muito orgulho, da solenidade de formatura realizada na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife. Em meio à celebração de sua conquista, ela também se emociona ao falar do pai, Gabriel, que, nos últimos anos de vida, lidou com as sequelas do tiro que levou na cabeça. "Meu pai era vigilante da Ceasa e, num assalto, ele levou um tiro na cabeça. Perdeu bastante massa encefálica, mas, por um milagre de Deus, ele sobreviveu. Ficou com sequela física, metade do corpo ele mexia, ele era consciente, era lúcido. Ele lembrava de tudo. Era, realmente, milagre, não se explica. Viveu com a gente mais seis anos, acamado", disse. De acordo com a nova policial, a força e o exemplo de seu pai a ajudaram a superar os desafios durante o processo para ingressar na carreira militar. "Muitas vezes, eu lembrava da força dele, da superação e da resiliência. Se ele conseguiu, estava naquela situação e viveu bem e feliz, por que eu ia me abater ou me amedrontar? Sempre busquei nessa força familiar, nessa inspiração, tanto da parte quanto da minha mãe", declarou. A mãe, Iêda Carla de Moura, disse que se sente muito feliz em ver a filha conquistar o que sonhou. "O sonho dela é o meu sonho. Estou muito feliz com esse momento dela. Era algo que ela almejava, ela estudou. Ela sempre teve o incentivo dos meus irmãos, tenho dois irmãos policiais. Meus irmãos sempre estimularam ela a estudar. E, graças a Deus, ela está aí", afirmou. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias