Juiz manda soltar vereador de Ipojuca preso suspeito de lavagem de dinheiro; presidente da Câmara segue preso

Presidente e vice-presidente da Câmara de Vereadores de Ipojuca são presos O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) mandou soltar os vereadores de Ipojuca ...

Juiz manda soltar vereador de Ipojuca preso suspeito de lavagem de dinheiro; presidente da Câmara segue preso
Juiz manda soltar vereador de Ipojuca preso suspeito de lavagem de dinheiro; presidente da Câmara segue preso (Foto: Reprodução)

Presidente e vice-presidente da Câmara de Vereadores de Ipojuca são presos O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) mandou soltar os vereadores de Ipojuca Flávio do Cartório (PSD) e Professor Eduardo (PSD), presos em flagrante na terça-feira (18) por lavagem de dinheiro, no Recife. Eles são presidente e primeiro vice-presidente da Câmara Municipal, respectivamente. Apesar de a decisão beneficiar os dois parlamentares, Flávio do Cartório deve continuar preso, já que, contra ele, há um mandado de prisão preventiva referente à Operação Alvitre, da Polícia Civil, que investiga desvios de emendas parlamentares que podem chegar a 27 milhões (saiba mais abaixo). ✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp O relaxamento da prisão foi decretado nesta quarta-feira (19) pelo juiz Hugo Vinicius Castro Jimenez, da Central Especializada das Garantias da Capital. Ele determinou que o vice-presidente da Câmara, Professor Eduardo, deverá cumprir medidas cautelares. Entre elas está a proibição de sair do estado por mais de 15 dias sem autorização da Justiça e, também, o comparecimento a todos os atos e termos do processo, informando e justificando suas atividades mensalmente. Os dois vereadores foram presos num supermercado em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Com eles, havia uma sacola com R$ 14.267 em espécie, além de mais R$ 3.121 que estavam em envelopes no carro do presidente da Câmara. Vereadores de Ipojuca Flávio do Cartório (PSD) e Professor Eduardo (PSD) Reprodução/Instagram Havia, segundo a Polícia Civil, anotações com nomes de servidores da Câmara Municipal, mencionando valores que somam R$ 345 mil. A suspeita é de que o material indique o controle mensal de um possível esquema de “rachadinha” ligado aos desvios milionários investigados pela Operação Alvitre. Apesar disso, o juiz não homologou a prisão em flagrante e disse que "a mera posse de valores em espécie, documentos ou anotações, desacompanhada de qualquer ato presente de ocultação, dissimulação ou integração de bens ilícitos no momento da abordagem, não autoriza a prisão em flagrante por lavagem de capitais". O g1 tenta contato com a defesa dos dois vereadores. Operação Alvitre Operação Alvitre II: MPPE e Polícia Civil cumprem mandados de prisão e busca e apreensão Nesta quarta-feira (19), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e a Polícia Civil deflagraram a segunda etapa da Operação Alvitre, para cumprir três mandados de prisão, 19 mandados de busca e apreensão domiciliar e ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros, sequestro de bens e suspensão do exercício de função pública. Um dos novos mandados de prisão era contra Flávio do Cartório. Os outros dois foram cumpridos contra um empresário que prestava serviços ao município e também contra o presidente do Instituto Filhos de Ipojuca, entidade ligada ao presidente da Câmara Municipal. Os nomes deles não foram divulgados. O empresário detido é natural de Bezerros e prestava serviços ao município de Ipojuca. O outro detido é o presidente do Instituto Filhos de Ipojuca, entidade ligada ao presidente da Câmara, e que também recebia repasses oriundos das emendas. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados. As investigações tiveram início em outubro de 2024, com a deflagração da primeira fase da operação, que apura o uso de empresas para desviar verbas de emendas parlamentares impositivas, instrumento utilizado pelos vereadores para destinar parte do orçamento municipal para projetos e áreas específicas. As apurações indicam que os recursos públicos foram destinados a associações de fachada localizadas em outros municípios, sem estrutura ou competência técnica para executar os projetos contratados. Além disso, no dia 28 de outubro, uma mulher de 46 anos foi morta no quintal de casa pouco após ir à Delegacia de Porto de Galinhas para depor sobre o caso. Simone Marques da Silva era professora universitária e seria ligada uma das mulheres investigadas no esquema. Horas antes de ser assassinada, Simone compareceu à delegacia, mas não chegou a ser ouvida, porque outro procedimento estava sendo realizado no local. Ela remarcou o depoimento para o dia seguinte, mas foi alvejada por tiros poucas horas depois. Esquema investigado Segundo o inquérito, uma das principais instituições beneficiadas pelo esquema foi o Instituto de Gestão de Políticas Públicas do Nordeste (IGPN), que recebeu, pelo menos, R$ 6,3 milhões de nove emendas parlamentares. Ao menos quatro pessoas ligadas ao instituto são investigadas: Advogadas Eva Lúcia Monteiro e Edjane Silva Monteiro: irmãs que teriam envolvimento com o IGPN e foram presas em outubro; Maria Netania Vieira Dias: também presa, auxiliou na elaboração da proposta e obtenção de orçamentos para empresas envolvidas; José Gibson Francisco da Silva: presidente do IGPN, que está foragido; Julio Cesar de Almeida Souza: diretor financeiro do IGPN, também foragido. O inquérito também cita o Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa (Inesp), que usa o nome de Faculdade Novo Horizonte. Essa empresa também seria utilizada pelo grupo criminoso para praticar os desvios, segundo a polícia. Conforme a denúncia, a instituição recebeu repasses milionários para cursos de capacitação, com planos de trabalho considerados inconsistentes e orçamentos inflados. No dia 5 de novembro, o empresário Gilberto Claudino da Silva Júnior, então gestor da Faculdade Novo Horizonte, foi preso. Ele é apontado como "coordenador" dos desvios e foi capturado após um mês foragido. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias