Tejus, ratos e gatos são maiores ameaças às aves de Fernando de Noronha, avalia pesquisadora
03/04/2024
(Foto: Reprodução) Projeto Aves de Noronha e ICMBio instalaram câmeras para monitorar as aves silvestres na ilha. Aves recebem marcação para acompanhamento
Projeto Aves de Noronha/Divulgação
Pesquisadores do Projeto Aves de Noronha identificaram os animais que oferecem maiores riscos para os pássaros em Fernando de Noronha, por serem ameaças às espécies nativas. Tejus, ratos e gatos têm provocado danos às aves na ilha, segundo a coordenadora do projeto, Cecília Licarião.
“Teju, rato e gato são as grandes ameaças para as aves silvestres. Esses animais foram introduzidos em Noronha, depredam ninhos, comem ovos e filhotes dos pássaros”, afirmou a coordenadora do projeto, Cecília Licarião.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PE no WhatsApp.
O monitoramento é feito em parceria entre o projeto e o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio). Eles instalaram câmeras, as chamadas "armadilhas fotográficas", para monitorar 24 horas por dia as regiões com maior presença de pássaros. Os equipamentos foram colocados no Forte São Joaquim do Sueste a na Ilha do Chapéu.
Tejus depredam ninhos, aves e tartarugas
ICMBio/Divulgação
Cecília Licarião disse que o atobá mascarado, que têm nome científico de Sula dactylatra, se reproduz no chão nas ilhas secundárias do arquipélago. Essa ave residente tem tentado realizar reprodução na ilha principal de Fernando de Noronha, mas os tejus têm predado os ovos dos pássaros.
“Colocamos as armadilhas fotográficas e comprovamos a predação dos ninhos dos atobás, pois os tejus se alimentam dos ovos. Essa comprovação vai possibilitar ao ICMBio montar estratégias para controle de espécies exóticas nessa área do Forte São Joaquim do Sueste para diminuir a predação”, declarou a coordenadora.
A predação pode inibir os atobás de realizar reprodução na ilha principal. “As aves gastam energia no namoro, fazem o ninho, colocam os ovos e, se o nascimento dos filhotes não dá certo, a ave vai entender que essa é uma área perigosa. Os pássaros vão retornar às ilhas secundárias, mas essas regiões são pequenas”, afirmou Cecília.
LEIA TAMBÉM:
Pesquisadores comemoram registro de alimentação de três filhotes de sebito
Vídeo mostra teju comendo filhote de tartaruga em praia da ilha
Interação
As câmeras também flagraram o lagarto conhecido como "mabuya" predando ovos de sebito. “Nos vimos uma mabuya bebendo os ovos de sebito. É uma situação de predação, mas essa é uma relação natural. Esses animais existem na ilha há muitos anos. A mabuya nunca conseguiria extinguir o sebito, que tem as estratégias de defesa”, disse Cecília.
Ela também afirmou que atobá não tem estratégias para combater o teju, que é um animal mais preparado, veio do continente e é mais forte. “São duas relações de predação, uma é bem-vinda; e a outra é negativa”, avaliou.
A pesquisadora sugeriu o controle das espécies introduzidas, com tejus, ratos e gatos. Ela afirmou que esse é um trabalho difícil e deve ser executado em médio e longo prazo. Também declarou que o ICMBio tem realizado ações nessa área.
VÍDEOS: mais vistos nos últimos 7 dias em Pernambuco
