Evento da Seiva discute qualidade de vida e espaço no agronegócio para mulheres
11/04/2024
(Foto: Reprodução) Mulheres ocupam 28% dos postos de trabalho no agronegócio no Brasil Roda de diálogo reuniu mulheres de destaque para compartilhar conselhos e conhecimento
Aline Oliveira/Vereda Comunica
A participação das mulheres no agronegócio brasileiro cresceu 4 pontos percentuais em dez anos, chegando a 28% em 2015, de acordo com dados de uma pesquisa do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada (Cepea, da USP) publicada em 2018. A fruticultura está incluída no segmento de hortifruticultura, parte da agropecuária, onde elas representam 18,79% da força de trabalho. Considerando cargos de chefia, 35,11% dos gerentes do agronegócio são mulheres, volume que cai para 31,64% entre diretores.
Um outro estudo do Cepea, de 2008, indicava que elas são mais demandadas em áreas da cultura que exigem manuseio cuidadoso das frutas e que questões culturais afetam a contratação das mulheres.
Os dados do Cepea vão além: eles indicam que as trabalhadoras do agro têm, em sua maioria, mais de 30 anos, são mães e estão casadas - e 80% delas moram em zonas urbanas. A pesquisa ainda dá conta de que 67,9% destas trabalhadoras se consideram satisfeitas com sua condição de trabalho, avaliando salário, jornada e igualdade.
Evento celebra mulher do agro
Para fortalecer a qualidade de vida dessas mulheres que trabalham no agronegócio, foi o foco da terceira edição do Encontro de Mulheres do Agro do Vale do São Francisco, realizado no dia 5 de março em Petrolina. O evento celebrou o Dia Internacional da Mulher com clientes da Seiva do Vale e reuniu cerca de 160 mulheres entre convidadas e a equipe da empresa para conversar sobre o tema 'Mulheres que Transformam'.
De acordo com Claudiana Rodrigues, sócia da Seiva do Vale, o evento nasceu em 2022 de um desejo coletivo da equipe feminina da empresa e cresceu tanto que este ano precisou ocupar um espaço maior e foi para um salão de festas. Claudiana destaca que o propósito era promover interação entre a equipe da Seiva e as mulheres que estão de alguma forma relacionadas com as empresas que são suas clientes. É uma forma de motivar as mulheres a não desistirem, a persistirem, mesmo diante das dificuldades, especialmente em um mercado muito masculino como o agronegócio.
Representando a equipe técnica da Seiva do Vale, Janaína dos Reis Miranda também participou da roda de diálogo e estava feliz de ver a adesão ao evento. Na opinião dela, um espaço como o promovido pela Seiva dá às mulheres a oportunidade de conversar em um ambiente seguro, assim como os homens regularmente fazem.
Evento reuniu cerca de 160 mulheres do agronegócio no Vale do são Francisco
Aline Oliveira/Vereda Comunica
Natureza feminina e oportunidade na gestão
Empresária do agronegócio, Lara Secchi acredita que as mulheres e homens são complementares e o agro precisa dessa combinação. Ela defende que é necessário mudar uma mentalidade que ela considera antiquada e machista, que ainda está muito presente no mercado. E ela convoca as mulheres a se capacitarem e lutarem para ocuparem também espaços de gestão, que são estratégicos no setor. Lara também defende: as mulheres não precisam necessariamente exercer todas as atividades com excelência, essa cobrança só gera pressão que afeta a vida e saúde delas.
Na observação da psicanalista e palestrante Lilian Koshiyama, que participou da roda de diálogo promovida na programação do evento, as mulheres precisam de uma espécie de transformação diária para poder seguir na vida dinâmica que marca o agronegócio. Acontece que o mundo precisa delas, se reinventando, sendo forte, mas também se cuidando e olhando para elas mesmas. Mas ela destaca que não existe a fórmula mágica: cada mulher precisa entender sua própria dinâmica, a dinâmica do seu corpo e das suas emoções.
Com um olhar voltado para o autocuidado, a médica dermatologista Priscylla Diniz Aragão convocou as mulheres que participaram do evento a olharem para si com mais carinho, mas ter cuidado com os padrões estéticos que aprisionam. Ela defende que é preciso se permitir fazer o que faz sentido para cada mulher: como envelhecer bem, como cuidar da saúde da pele e como ficar bem com a própria aparência.
